Blog do Sakamoto

Um problema que não deve ser jogado para "lateral"

O que esperar da posição mais "problemática" dos últimos ciclos.

Por Pedro Sakamoto
Publicado em 2/8/23 às 20:25h. | Última atualização em 2/8/23 às 20:25



Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Todo mundo já sabe que grandes renovações na seleção brasileira podem estar por vir, com o trabalho interino do Diniz e uma suposta e provável chegada de Carlo Ancelotti muitos jogadores devem ganhar oportunidades, além daqueles que já ganharam chances com o Ramon.

E é perceptível que a seleção tem um problema de renovação “crônico” nas laterais, principalmente pós copa de 2018 e escancarado na durante o ciclo de 2022. Lembremos bem que em 2018 o Brasil foi para Copa com quatro laterais que já tinham passado dos 30 anos, são eles:

  • Filipe Luís – 37 anos
  • Marcelo – 35 anos
  • Fagner – 34 anos
  • Danilo – 32 anos

Além dos convocados, tivemos Daniel Alves, um dos nomes de confiança de Tite, que não foi convocado por conta de lesão, porém já estava com seus 35 anos.

Após a derrota para Bélgica nas quartas de final, era esperado que as laterais sofressem mudanças, muito por conta da idade e do físico dos jogadores, Marcelo e Danilo inclusive sofreram lesões musculares durante a competição.

De fato, ocorreram mudanças, Filipe Luís, Marcelo e Fagner foram sendo “descartados” durante o ciclo para o Qatar, um ciclo este que foi o maior desde o hiato entre as Copas de 1938 e 1950.

Lateral Esquerda

Para essa “reformulação” foi trazido Alex Sandro, que tinha expectativa de participação na Rússia e ganhou espaço. Lateral esquerda essa que teve uma boa “briga” entre os concorrentes mais favoritos. Além de Alex Sandro tivemos Alex Telles, Renan Lodi e Guilherme Arana brigando por 2 vagas.

Renan perdeu espaço tanto no Atlético de Madrid quanto na seleção, tendo rumores que sua relação com o Tite tenha sido afetada por polêmicas sobre vacinação, Alex Telles continuava no radar, mas sem muito brilho na sua passagem pelo Manchester United. Alex Sandro que se tornou o titular da posição, sofreu com lesões e a “bagunça” da Juventus iniciada durante a pandemia. Quem começou a ganhar força era Guilherme Arana, já na reta final do ciclo, desde sua chegada ao Atlético Mineiro, voltou a desempenhar um bom futebol desde da época da sua passagem pelo Corinthians, sendo um dos destaques da temporada vitoriosa do Galo em 2021.

No final de 2021 parecia que teríamos no Oriente Médio, Arana e Alex Sandro na lateral esquerda, com Alex Telles correndo por fora na disputa. Até que faltando pouco mais de 3 meses para Copa, Guilherme Arana sofre uma grave lesão em seu joelho que só faria seu retorno ao gramados em junho de 2023.

Neste momento a briga pela lateral esquerda estava definida, Alex Sandro e Alex Telles iriam ao Qatar. Porém enquanto o lado esquerdo do campo estava definido com uma renovação, a lateral direita era um dos centros de discussões durante todo o ciclo para 2022.

Lateral Direita

O lado direito estava claro que Danilo muito provavelmente estaria na Copa de 2022, e nem por ser um nome unânime e sim pela falta de opções realmente confiáveis.

No ciclo tivemos 8 jogadores convocados para lateral direita, são eles:

  • Danilo – 15 convocações
  • Daniel Alves – 9 convocações
  • Emerson Royal – 6 convocações
  • Fagner – 4 convocações
  • Gabriel Menino – 2 convocações
  • Fabinho – 2 convocações
  • Éder Militão – 2 convocações
  • Marcinho – 1 convocação

Destes, Fabinho (Volante) e Éder Militão (Zagueiro) se firmaram em outras posições. Marcinho foi convocado para suprir ausência de Danilo em um amistoso, sendo uma aparição surpreendente, visto que em nenhum momento foi um jogador para tal.

Gabriel Menino teve uma ascensão enorme em 2020, porém ele teve 2 questões, seu nível em 2021 teve uma queda de rendimento nítida, muito por conta do mental como o próprio jogador contou em entrevistas, e o outro ponto é de que sua posição de origem era no meio, e atuava improvisado na lateral (e em outras posições) em muitos casos por Abel Ferreira.

O caso do Fagner foi uma queda física e de rendimento, tendo um impacto muito abaixo do que no ciclo anterior pelo Corinthians, onde foi um dos destaques da campanha campeã brasileira de 2017. Seu físico aparentou não ter condições por conta da idade, apesar que ao longo da carreira Fagner as lesões, principalmente musculares, acompanham o lateral paulista.

Em certo momento parecia que a lateral direita estava entre Danilo, nome praticamente certo para 2022, Daniel Alves, nome de confiança e Emerson Royal, cujo tinha muita expectativa após sua ida para Europa depois de uma boa passagem pelo Atlético Mineiro.

Danilo durante o ciclo manteve-se regular, porém com lesões, e no final do ciclo chegou a atuar partidas como um terceiro zagueiro na equipe italiana. Enquanto isso Daniel que havia partida da Europa para o São Paulo, não conseguiu se provar competitivo, muito por conta da idade e atuou como um meio-campista em muitos jogos pelo tricolor paulista. Após sua passagem apagada pela equipe brasileira, Daniel ficou quase um ano sem clube até assinar pelo Pumas do México, onde também teve atuações abaixo da média.

Já Emerson Royal, nunca conseguiu alcançar as expectativas, sua passagem até hoje pelo Tottenham nunca encheram os olhos, e na seleção as atuações também nunca foram convincentes, até que uma expulsão no empate com a seleção de Equador, encerraram de vez suas oportunidades com Tite.

Graças a falta de opções, o Brasil foi para o Qatar com dois laterais passando dos 35 anos (um deles dos 40).

E durante a Copa de 2022?

Durante a Copa as laterais também foram pautas em muitas discussões, desde a falta de confiança física, a convocação “emocional e não justificada” de Daniel Alves até a preferência em utilizar um zagueiro que não atuava na posição lateral desde 2019.

Dos 4 laterais na copa, um foi cortado por lesão (Alex Telles), dois se lesionaram durante a competição e não estavam 100% (Alex Sandro e Danilo) e Daniel Alves não possuía ferramentas físicas para o nível de uma Copa do Mundo.

Nomes para ficar de olho

Dado todo o contexto, vou citar 4 nomes “novos” (2 de cada lado) que podem pintar na seleção e tentar garantir uma vaga para 2026.

Caio Henrique – 25 anos – Lateral Esquerdo – AS Mônaco

O nome mais “pronto” da lista, Caio Henrique fez parte da base do Atlético de Madrid, mas se destacou em 2019 pelo Fluminense nas mãos de Fernando Diniz, atualmente é um dos destaques do Mônaco e a seleção espanhola está de olho em uma naturalização.

Tem como destaque os duelos pelo chão e cobranças de faltas.

Números relevantes na Ligue 1 em 2022-23 (Fonte: SofaScore):

35 jogos

4 Seleções da semana

1 Gol

9 Assistências

2.1 desarmes p/jogo

0 erros defensivos resultados em gol

70% dribles bem-sucedidos

Arthur – 20 anos – Lateral Direito – Bayer Leverkusen

Artur ainda tem pouca experiência no profissional isso é verdade, porém foi a venda mais cara da história do América, com uma negociação em torno dos 7 milhões de euros (cerca de 38 milhões de reais) para o Bayer Leverkusen da Alemanha, um clube que costuma trabalhar bem com jovens. Um dos bons nomes da seleção sub-20 e com passagem pela principal (entrou durante o amistoso contra Marrocos), tem tudo para evoluir nos próximos anos.

Números relevantes no Mundial Sub-20 em 2023 (Fonte: SofaScore):

4 jogos

53% em lançamentos

3.2 desarmes p/jogo

86% duelos aéreos ganhos

67% dribles bem-sucedidos

Luan Cândido – 22 anos – Lateral Esquerdo – Red Bull Bragantino

Luan foi um dos destaques do Brasileirão de 2022, sendo o segundo lateral com mais gols (11), tem como seu grande forte o jogo aéreo, principalmente ofensivo. Teve experiência europeia no RB Leipzig, e é um dos grandes nomes do time do interior paulista.

Números relevantes no Brasileirão de 2022 (Fonte: SofaScore):

32 jogos

11 gols

2.3 cortes p/jogo

77% em passes certos

86% nos passes no campo defensivo

[Números de 2022, pouco atuou devido à lesões no Brasileirão 2023]

Khellven – 22 anos – Lateral Direito – Athlético Paranaense

Um dos destaques da equipe do Furacão, apoia o ataque com bastante velocidade e passes rápidos, ainda precisa evoluir no lado defensivo, mas se manter a constância seu “teto” pode ser alto.

Número relevante no Brasileirão de 2023 (Fonte: SofaScore):

12 jogos

3 assistências

51% nos lançamentos

1.3 passes decisivos p/jogo

0.8 dribles sofridos p/jogo

 

Claro que nomes como Alex Telles, Renan Lodi, Guilherme Arana possivelmente estarão no radar e com mais “bagagem” na seleção que esses nomes citados, falta ainda 3 anos para próxima copa, esses nomes podem não dar no que se esperam, novos nomes podem surgir, mas é um fato que a lateral novamente será uma grande questão neste ciclo.

Pedro Sakamoto

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